Quinta-feira, 28 de Janeiro de 2010
Os empregados do café, preparavam as coisas para fechar as portas
Os ultimos clientes da noite pagavam as contas e partiam, eu encontrava-me entre eles.
A determinado momento, entrou uma mulher, dirigiu-se ao balcão com um " biberon " na mão e disse :
- pode encher de água quente por favor....e tornou a sair.
Nas mesas que se encontravam á porta, deu de " comer " ás duas crianças que a acompanhavam.
Uma imagem triste, da noite negra que caía sobre a cidade.
O seu nome passou a ser para mim como simplesmente " MULHER " ! Mulher perdida na noite.
Os olhos de uma criança que saltitava, enquanto a mãe dava o sustento ao mais pequeno, eram olhos tristes,
tal como a imagem, que torna-se dificil encontrar palavras que a classifiquem ou que o possam fazer imaginar.
Portugal, país que viveu amordaçado durante 48 anos de fascísmo, continua hoje ainda, a ter imagens degradantes de pessoas que vivem em condições sub-humanas.
A mulher pouco depois partiu, para onde irá ela pensei eu, terá mais familia, uma casa, um lar a que possa chamar seu.
A pergunta que faço é : Onde está a humanidade humana.
Pouco depois saí do café, olhei em redor, e já não via mulher nem os seres humanos-crianças que a acompanhavam.
Caminhei noite fora, no caminho até minha casa fica um jardim, e ali sentada num banco estava a mulher e as crianças, alguns sacos a seu lado,...
Pensei em saber quem era, pensei em falar com aquela MULHER, e dar a conhecer aqui a si e a tantos outros que todos os dias quando saem do trabalho vão para as suas casas, e teêm um mundo próprio.
Pensei em falar com aquela mulher, para vos dar a conhecer uma imagem de entre tantas de uma cidade que vive enquanto você dorme.
Não sei porquê, recuei,...parti.
A mulher, e as crianças, seres humanos deste palneta, deste país, de uma qualquer cidade, lá ficaram, e para mim e para si fica a ser somente: A MULHER,... a mulher perdida na noite, sem casa, com filhos, com fome.
Não, não era um quadro patético, nem uma cena de teatro, nem tão pouco uma cena que nos entra casa dentro p´la televisão a um click de desligar, era sim uma imagem real, deste teatro verdadeiro chamado: VIDA.
Até quando assistiremos a cenas como esta que, são o simbolo da humanidade que se destrói.
Enquanto uns vivem " orgulhosamente " com os seus bolsos cheios, outros vivem " orgulhosamente " com a sua miséria, na sua pobreza muitas vezes disfarçada e envergonhada.
A solução não está em resolver esta e outras situações semelhantes com caridade, a solução está na transformação da sociedade, e não me venham com o viver em democracia, e não me falem sequer em pluralismo.
Basta! Acabem, antes com a miséria, as palavras bonitas digam-nas depois.
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